quinta-feira, 26 de agosto de 2010

COM A BÊNÇÃO DE DEUS

Enfim chegou o domingo, 1º de agosto, o dia que marcou o principal motivo da nossa ida ao México: a apresentação das nossas meninas à igreja evangélica.

Alguns de vocês devem estar se perguntando por que chamamos apresentação e não batismo?

Um inesquecível momento marcado pela simplicidade
Segundo à Igreja Evangélica Assembléia de Deus, da qual o meu irmão é pastor,  o batismo é feito em águas e somente para aqueles que confessam Cristo como salvador.  E considerando que as crianças ainda não chegaram à idade da razão, ou seja, não podem decidir por si e fazer esta confissão, o batismo só é feito na idade adulta.

Portanto, fomos convidados para padrinhos da Iara, mas neste momento apenas para estarmos presentes à cerimônia na qual as meninas são apresentadas à comunidade evangélica e recebem as orações para uma vida com muita fé em Deus e regida fundamentalmente pelo evangelho.

Dindas Rosy Elena (mexicana) e Mara Antonia (brasileira)
Eu e a Mara tivemos uma educação católica, mas nunca fomos muito praticantes. Eu havia participado de apenas um culto evangélico quando do casamento do meu irmão em 1991. E a Mara jamais havia estado numa igreja da Assembléia de Deus.

O encontro foi uma grata surpresa. O templo em que aconteceu a cerimônia é extremamente simples, assim como as pessoas que as frequentam, e o pastor Moisés é uma pessoa absolutamente fraterna e humilde. Gostamos de estar entre todos.

O momento da apresentação foi emocionante. É gratificante viajar quase 10 mil quilômetros e vê-las bem, com saúde, queridas por todos e recebendo as bênçãos de Deus. Iara e Dania comportaram-se como sempre: tranquilas e sorridentes. Dania até adormeceu, tamanha era a tranquilidade.

Tradução simultânea

O pastor Moisés proferia as palavras religiosas em espanhol e, simultaneamente, o meu irmão ia traduzindo-as para o português. Mais do que uma iniciativa de intercâmbio cultural ou linguistico, um gesto simpático para o bem da integração entre Brasil e México, que já é ótima. Todos os fiéis mexicanos estavam atentos e curiosos por aquele instante inusitado. Portanto, por um motivo ou por outro, por emoção ou por curiosidade, aquele foi um momento especial para todos.

Marcelino e Luciano com as afilhadas Dania e Iara
Eu e a Mara somos os padrinhos de Iara. Os amigos Alexandre Marcelino e Rosy Elena os padrinhos de Dania. Pelo que vimos neste período em que estivemos convivendo com eles, as meninas estão em boas mãos. Além da dedicação e dos ótimos exemplos paternos que o Jú e a Danny têm dado, os padrinhos, com certeza serão boas referências de ética, conduta e religiosidade.

Queremos agradecer ao meu irmão e a minha querida cunhada (agora compadres) o imenso carinho. Mas, sobretudo, por terem nos confiado a tamanha responsabilidade de sermos os "segundos" pais das meninas. Podem estar certo que estaremos sempre orando e, na medida do possível, apesar da distância, intercedendo positivamente na educação delas.

Luciano Gasparini Morais


sábado, 21 de agosto de 2010

ENCONTRO "BRAZUCA" NO MÉXICO

Diariamente, dezenas de brasileiros desembarcam ilegalmente no México com o objetivo de cruzar a fronteira com os Estados Unidos na busca de uma nova vida na terra do Tio Sam. No entanto, fiquemos com os números oficiais. Segundo o último relatório do Ministério das Relações Exteriores, elaborado em setembro de 2009, 18,8 mil brasileiros vivem de forma legal em território mexicano. Tivemos o privilégio de conhecer dois deles e que se tornaram bons amigos.

O primeiro, Alexandre Marcelino, carioca de origem humilde e que há sete anos, na companhia da filha pequena e da esposa então grávida, rumou para o México com a promessa de uma vida melhor no ramo de atividade que escolheu: a culinária. O casamento ruiu diante das dificuldades impostas pela necessidade de adaptação a um país de cultura e alimentação totalmente diferentes da nossa. Mas a profissão vai relativamente bem, obrigado!

Hoje, a ex-esposa mora na Cidade do México com as duas filhas. Marcelino, ou Marce, como é carinhosamente chamado pelo meu irmão, vive em Xalapa e é um premiado chef internacional de cozinha de um conceituado restaurante brasileiro da cidade. Marce tem aquele jeito brincalhão característico do Rio de Janeiro, mas não mede esforços para tratar bem os amigos e de estar, carinhosamente, na companhia das filhas nos dias de folga. Como eu já havia comentado, está há sete anos no México. Porém, durante este período, nunca conseguiu dar uma escapada à Terra Natal. "No ano que vem, eu vou de qualquer maneira. Sempre tem uma coisa ou outra que me impede. Ou é dinheiro, ou é doença, ou é trabalho. Desta vez eu vou sem falta", desabafou com o tom de uma impiedosa saudade.

O segundo não é carioca. O assessor nas áreas de mecânica industrial Antônio Arlindo tem as mais evidentes marcas cearenses. A cabeça chata, a pele morena e a fala mansa aparentando uma tranquilidade absoluta do tamanho da generosidade do coração entregam sua naturalidade. Também não sabe o que vai fazer para agradar. Antônio vive no México faz aproximadamente quatro anos. Largou tudo por causa de um amor mexicano. Mais uma história de quem se conhece pela internet. A esposa mexicana Rosa Elena parece que se integrou totalmente aos hábitos brasileiros. Compreende a tudo e a todos. Participa de todos os encontros entre os amigos brasileiros. Porém, ainda não arrisca falar em português. Hoje, ambos vivem harmoniosamente em Xalapa.

Tivemos a oportunidade de conhecê-los num jantar que o meu irmão preparou para cantarmos parabéns e apagarmos a velinha de Marcelino, que completava mais um ano de vida. O jantar foi um simples arroz com feijão, umedecido por um guisadinho de cenoura. Um cardápio tipicamente brasileiro para esquentar uma reunião de brazucas em terras mexicanas. Pena que o trabalho absorveu tanto Marce, que ele chegou perto da meia-noite. Danny, as meninas, o Gian e o Cristian já estavam dormindo. Então, um novo encontro foi marcado. Um almoço comemorativo no domingo, no restaurante de Marcelino, para celebrarmos o que seria a apresentação das nossas sobrinhas à comunidade evangélica, na igreja.

Como é bom encontrar brasileiros em terras "estranhas". A saudade do Brasil fica minimizada. A gente se sente em casa. A aproximação, o abraço, o carinho, as saudáveis brincadeiras brasileiras, não há igual em nenhum outro lugar do mundo. E que Deus abençõe e ilumine estes dois amigos, dois filhos brasileiros espalhados pelo mundo em busca de um melhor lugar ao Sol.

Luciano Gasparini

domingo, 15 de agosto de 2010

A VESPA MEXICANA ARDE MAIS A QUE PIMENTA

Conhecendo a praia

Na quinta-feira, 28, fomos conhecer Martinez de la Torre, a cidade natal da Danny, mãe das nossas lindas sobrinhas. As meninas também nasceram em Martinez, pois lá tiveram a assistência da avó materna Katy e do bisavô Juan, que residem no município.

Segundo o Censo de 2005, o último no país, Martinez de la Torre conta com aproximadamente 100 mil habitantes. O município está localizado a 160 quilômetros de Xalapa e a 350 da Cidade do México. É uma localidade tipicamente interiorana, na qual se observa muito aquele hábito das pessoas ficarem até tarde sentadas em cadeiras de praia à beira da calçada. Legal saber que, apesar da violência que assola parte da população mundial, ainda existem lugares assim.

Também chamou atenção o clima extremamente quente e seco. Saímos de Xalapa com uma temperatura amena, inclusive com o céu encoberto. Chegamos em Martinez e nos deparamos com um calor escaldante, com temperatura quase batendo nos 40º C. Tivemos que dormir com ventilador ligado.

O deslocamento pela serra é mais curto, mas por motivos óbvios optamos pela rodovia que costeia o litoral. Ao longo da estrada uma curiosidade: as placas que indicam o nome das localidades carregam consigo também o número de moradores. Observe na foto ao lado que aparece 23 habitantes para Boca Andrea. Passamos por um lugar no qual a placa mostrava dois habitantes, mas não deu tempo de fotografar.

Os guris estavam ansiosos. A todo momento perguntavam se estávamos perto da praia. Finalmente chegamos ao balneário Costa Esmeralda para conhecermos as águas mornas do Golfo do México. Porém, antes de nos banharmos tomamos o restaurante Paraíso Escondido como paradouro. Durante a refeição, nosso cardápio primou por frutos do mar regados pelas apimentadas iguarias locais.

Enquanto as cozinheiras montam os pedidos dos clientes, uma equipe vai separando, cortando e preparando os ingredientes. Fomos acompanhar de perto. É algo exótico para quem não vive numa região litorânea como nós. Infelizmente, presenciamos o dilacerar de um polvo. E naquele momento nos questionamos se não se tratava do polvo Paul, o vidente molusco alemão da Copa da África do Sul.

Inventei de mergulhar alguns camarões empanados num molho de pimenta achando que era catchup. O resultado disso foi uma forte interferência na flora intestinal e algumas visitas noturnas ao banheiro. No dia seguinte tive que me auto medicar com muita água e quantidade zero de açúcar e alimentos gordurosos. Depois fiquei bem.

Este trecho da praia onde fica o restaurante não é propício para banho por causa da grande quantidade de cascalhos. No entanto, o espetáculo sonoro no qual o mar leva e traz as pedras é muito bonito. Ouça-o.

Tivemos que caminhar vários metros até encontrar um lugar seguro para deixar os guris brincarem na água. O banho foi mais breve do que gostaríamos (ainda tínhamos um bom percurso a percorrer até Martinez), mas o suficiente para sentir a agradável temperatura da água e para observar que o mar do Golfo é mais salgado que o do Atlântico.

Uma picadura inesperada

Depois de salgarmos o corpo e enchermos a barriga seguimos a nossa viagem. Durante o trajeto fui me abaixar para pegar uma garrafa de água no interior do carro e sobre a minha barriga, entre um pneu e outro, havia uma vespa. Imaginem o que a danada fez. Deu-me uma ferroada de fazer esquecer a ardência da pimenta mexicana mais picante que eu já havia experimentado. Passaram-se 17 dias e ainda estou com a marca causada pelo raivoso animalzinho. Na verdade eu até entendo, pois foi apenas um golpe de defesa diante do atropelo que cometi, esmagando-a com os meus dois pneus abdominais.

No dia seguinte, ainda em Martinez, fomos conhecer a família do Miguel, tio avô da Iarinha e da Dania. Foram extremamente receptivos conosco e solidários com a minha disfunção intestinal. Deram-me um medicamento ruim no gosto, mas eficaz na ação. A partir de então cessei as minhas idas ao banheiro.

Tivemos conversas muito proveitosas com o tio Miguel. Falamos sobre futebol, economia, famílias, idiomas, políticas de Brasil e México, entre outros assuntos. Enfim, um agradável intercâmbio cultural.



Regressando à Costa Esmeralda

No início da tarde do dia 29 deixamos Martinez de la Torre em direção à zona arqueológica de El Tajin (visita já contada em outro post), depois fomos saciar a ansiedade dos guris de finalmente se dedicarem mais atentamente à praia.

Foi uma tarde bastante agradável. Uma nova oportunidade de degustar as delícias da gastronomia local, de jogarmos futebol, de comprarmos baldinhos, do tio Jú brincar na areia escura com os sobrinhos, de pularmos as calmas ondas e de, juntos com os guris, catarmos as conchinhas de Costa Esmeralda.

O choro ininterrupto das meninas era sempre o aviso de que já era final de tarde/início de noite e mais do que isso, era hora de irmos embora. E foi o que fizemos. Quase à luz da lua e trombando nos caranguejos que começavam a se movimentar pela praia, limpamos as pazinhas, baldinhos, tomamos banho nos chuveiros do restaurante à beira da praia e voltamos para Martinez. Era preciso descansar e nos prepararmos para as aventuras de um novo dia.

Grande abraço!!

Luciano Gasparini Morais

sábado, 14 de agosto de 2010

PIMENTA NO DOS OUTROS É COLÍRIO

Certo que o post sobre a culinária mexicana sobraria para mim! Meu interesse se estendeu além da apreciação do sabor. Chamou-me a atenção o cheiro dos alimentos, os aspectos nutricionais, os horários das refeições e a forma peculiar do mexicano comer. Infelizmente, 18 dias foi o exíguo tempo que tive para saborear alguns deliciosos pratos mexicanos - e outros, nem tanto (risos).

As tortillas de milho (maiz) são a base da alimentação mexicana - junto com a pimenta (chili). A tortilla é feita também com farinha de trigo, mas é menos usual. No México, a tortilla de milho existe há pelo menos 2500 anos. Hoje, além de muito consumida e apreciada, os órgãos do governo divulgam, em outdoors espalhados pelas cidades, os principais aspectos nutricionais da tortilla. Entre eles, a tortilla de milho tem seis vezes mais fibra que uma xícara de arroz e três vezes mais ácido fólico que uma xícara de espinafre. O cheiro e o sabor da tortilla de milho são bem característicos, mas passam longe do milho que conhecemos no Brasil, este último de sabor mais adocicado.

Vários pratos são elaborados com as tortillas como tacos, quesadillas, burritos, entre outros. O recheio é geralmente carne, frango (pollo), salsichão (chouriço), linguiça (longaniza), feijão (frijol), ovos (huevos), e também cebola, tomate e pimentão. E claro, muitos molhos de pimenta.

Noutro dia fomos numa taqueria, onde pudemos observar a preparação dos tacos: numa grande frigideira, havia frango, salsichão, linguiça e tripa, todos banhados em gordura, prontos para serem servidos nas tortillas.

Em revistas e jornais, fomos informados que o índice de obesidade e diabetes no México são altíssimos, figurando entre os maiores do mundo, afetando inclusive a população infantil. E observamos, in loco, que há realmente muitos mexicanos obesos.

O cuidado com a higiene dos alimentos não é o forte dos mexicanos: uma prova disto eram as bancas que vendiam frangos na beira das calçadas. Mas numa coisa me senti ä vontade: por aqui é comum as pessoas comerem com as mãos!

Creio que o fato de as tortillas terem tanta fibra, faz com que as pessoas tomem muito líquido. Mas se você chegar na casa de um mexicano e pedir uma água, não se surpreenda ao receber uma água de jamaica, ou água de tamarindo. Se quiser mesmo tomar uma água, peça uma "'agua simple".

No México há mais de 300 tipos de pimentas (algumas mais leves, outras mais "picosas"). E elas estão presentes em todos os alimentos - alguns inimagináveis para brasileiros tão pouco afeitos a este alimento que é um rico anticoagulante natural. O Gian experimentou um docinho de tamarindo - cheio de pimenta!! Depois foi a vez do Cris experimentar um pirulito (paleta) com pimenta. E, cada vez que íamos comprar um salgadinho de pacote, tínhamos que pedir: "sin chili, por favor". E lá no cantinho da prateleira tinha um único tipo de salgadinho sem pimenta. Aprovamos o sorvete com molho agridoce de pimenta, mas a Michelada (cerveja com sal, limão e pimenta) foi totalmente reprovada por mim e pelo Lú. No mercado nos chamou a atenção um salsichão verde, repleto de pimenta.

Outro alimento apreciado no México é o amendoim (cacahuate), utilizado na fabricação de sorvetes, picolés, bebidas, pastas, entre outros. Alguns são importados dos Estados unidos.
Na visita a Coatepec, uma cidadezinha bem rústica próxima a Xalapa, comemos um hotdog com salsicha enrolada em bacon (tocino) e com abacaxi (piña) e um molho muito saboroso. Tive que comer dois!!

As batatas fritas (papas fritas) são muito boas e tem em todo lugar, assim como os ovos, que podem ser preparados de diversas formas: fritos (estrellados), mexidos - e misturados com presunto defumado (jamón), queijo (queso manchego) e bacon (tocino).

Há frutas típicas bem saborosas: a tuna (retirada de um cactus chamado Nopal), tem a aparência de um kiwi descascado e é bem doce e suculenta. Pena que tenha tantas sementes. Também há o tamarindo - bastante usado em sucos, mas pode ser comido in natura; por ser meio azedinho, fica gostoso quando envolto em açúcar. Os vendedores de melancia (sandía), na maior cara-de-pau, costumam pintá-las de vermelho para expor nas bancas.

Quanto às bebidas, a melhor que experimentamos foi o Tourito - é como um licor bem cremoso - e tem vários sabores: côco, amendoim, morango, guanábana, piñon, etc. O rompope (bebida feita com gema de ovo) experimentei involuntariamente num chocolate em forma de bola de futebol - que comprei pros guris. Outra bebida que nos foi oferecida - e não conseguimos apreciar - foi o suco de tomate. Sinceramente, tinha gosto de extrato de tomate.

Experimentei algumas guloseimas bem saborosas, como as balas de goma - bem macias e realmente com o sabor das frutas e umas bolinhas de chocolate envoltas em açúcar, com sabor de menta, vendida sob o nome chocoretas. Não resistimos e trouxemos alguns pacotes na mala.

Agradecemos aos aztecas pelo chocolate, mas devo dizer que os achocolatados, bombons e trufas que temos no Brasil são de melhor qualidade e sabor.

Mas, de tudo, o que mais nos surpreendeu foram os horários e as quantidades das refeições. No início da manhã tem o desayuno, um reforçado café da manhã que consiste em tacos, quesadillas, tostadas, todos bem recheados e acompanhados de carne, frango, linguiça, ovo, etc. Lá pelo meio da manhã tem o almuerzo que é uma refeição intermediária entre a primeira refeição do dia e a comida (que é o nosso almoço). Obviamente que a comida não pode ser antes das 14h. No final de nossa estada, já nos considerávamos mexicanos, pois não conseguíamos comer antes das 16h.

O Lú tentou mostrar seus dotes culinários, preparando sua especialidade: o bolo de cenoura. Colocando no forno, cresceu muito, mas dali a pouco desandou. O aspecto não ficou atraente. O açúcar era cristal e o achocolatado não ajudou. Depois, comentando o acontecido com nosso amigo chef brasileiro Alexandre Marcelino, ele nos deu a "deixa": é a altitude. Dependendo do local que se está, deve-se fazer correção na receita, diminuindo a quantidade de fermento e aumentando a quantidade de ovos. Os críticos não pouparam e a fama do Brasil não se consolidou no México. Vejam a massaroca. No entanto, todos comeram, porém de colher.

No dia do batizado de Iara e Dania, fomos comemorar no restaurante brasileiro que o Alexandre é gerente. E, pasmém, lá descobrimos uma comida que os mexicanos não suportam: coraçãozinho de frango. Inclusive, quando preparam frango em casa, o coração vai direto pra lixeira. Uma heresia!! Prometi pra Daniela (esposa do Jú, meu cunhado) que quando virem a Porto Alegre, faremos um churrasco especial, com muito coraçãozinho (Risos).

Resumo, ao final da viagem, os quilos que os  guris perderam, eu e o Lu ganhamos.

Mara Antonia

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A PRAÇA É NOSSA

Reservamos a quarta-feira, 27, para ficar por Xalapa para conhecer o centro, seus monumentos e praças. Esta foi a estratégia utilizada. Alternar entre um ou dois dias conhecendo as redondezas e um pela cidade para poder descansar das viagens, lavar e secar roupas, conhecer e brincar nos shoppings locais e fazer algumas compras pessoais.

Como já havíamos comentado em outro post, diferentemente da Cidade do México, Xalapa é muito mais acolhedora. Sem falar que não tem aquela pesada cortina de poluíção e muito menos o trânsito intenso do Distrito Federal. Por ser a capital do Estado de Vera Cruz acabamos conhecendo o belo Palácio do Governo, de arquitetura classicamente espanhola, com grandes vão em arcos e pequenas sacadas.

Por força de um repetido pedido do Gian e do Cristian, solicitamos ao meu irmão que nos levasse a uma praça para que eles pudessem andar de balanço, subir em árvores e jogar futebol. A praça nos surpreendeu. Em Porto Alegre, por exemplo, não há uma proposta como esta que reúna tantas atrações num só lugar. Os guris realizaram passeio em pôneis, pintaram personagens com tintas, saltitaram bastante na cama elástica e ainda jogamos futebol na grama. Para fechar a tarde apreciamos o verde do parque sobre as três voltas de um trenzinho. Tá certo que o acabamento da fantasia do Sportacus não era dos melhores (repare no bigode), mas pelo feliz semblante dos guris parece que ele nem se importaram. Por falta de tempo e luz solar, os carrinhos elétricos e as tatuagens infantis ficaram para trás, mas nada que abalasse a nossa satisfação de ter passado uma ótima tarde/noite em família.

Não perca o próximo post que vai tratar sobre a apimentada culinária mexicana.

Grande abraço!!

Luciano Gasparini Morais

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

"OVO PODRE, TÁ FEDENDO!"

Na terça, 26, nos deslocamos até Apazapan, uma pequena cidade, que está a 65 km de Xalapa, para usufruirmos da simples, mas agradável estrutura do parque aquático do Carrizal Hotel Spa & Aguas Termales. O clima se apresentava instável. A temperatura beirava os 30º centígrados, mas o céu estava bastante encoberto.

Eu, a Mara e os guris já havíamos estado em três parques semelhantes (Gravatal-SC, Marcelino Ramos-RS e Nova Prata-RS), mas apesar das águas quentes nenhum deles contava com esta nova e interessante circunstância que se apresentava para nós: banhar-se em águas vulcânicas.

Este foi nosso primeiro contato com os trajes de banho. Até então havíamos realizado apenas passeios não aquáticos. E os nossos trajes foram para lá de chamativos. No Brasil passaríamos despercebidos, mas chegamos num país muito recatado em termos de vestimentas de banho. Raras são as mulheres que usam biquini. E nos homens, a sunga de banho mais curta que presenciei foi uma bermuda na altura dos joelhos. Portanto, imaginem como os mexicanos nos viram: quatro branquelas "pelados" circulando entre uma piscina e outra. 


O Parque conta com uma grande piscina feita em concreto, toda cheia de curvas, toboágua na forma de dinossauro, chafarizes, travessia sobre cordas e mais outras três piscinas retangulares para crianças e adultos. Porém, a grande sensação está na piscina natural que fica próxima ao movimentado Rio Actopan. Ali estão represadas as águas vulcânicas. Em determinada parte alcança três metros de profundidade e a água é tão quente que fica quase impossível deixar o rosto submerso.

Sabidamente, as águas termais têm grande poder terapêutico. Trazem melhoras para as articulações, vias respiratórias, circulação, entre outros benefícios para a saúde. Por isso, uma forte presença da terceira idade.

É, também, um ambiente legal para toda criança que gosta de brincar com barro e água. Ali estavam as duas matérias-primas num só lugar. O Gian e o Cris puderam se deliciar com a mistura do solo barrento e escuro com a água quente.

As sobrinhas que parecem ter estranhado um pouco. Calma, não as submetemos às águas ferventes. Há outras piscinas com águas mais morninhas. Foi a primeira vez que ambas puderam tomar um banhinho de piscina. Porém, visivelmente estranharam, pois abriram o berreiro ao sentirem o corpo submergindo pouco a pouco na água. Mas, nada que um colinho de pai e mãe somados a uma mamadeira quentinha não resolvesse.

Voltando às águas sulfurosas. Antes de pôr os pés de molho na água é bom se exercitar psicologicamente, pois o fortíssimo cheiro de enxofre e a presença das crianças na volta, dá a nítida impressão de estarmos brincando de "ovo podre". Portanto, num lugar de piso barrento, água escura e forte cheiro de enxofre é melhor deixar a frescura de lado e se divertir junto às ofertas da natureza. Vale a pena!

Foi mais um dia maravilhoso para o nosso repertório de belos passeios em território mexicano.

Em breve, cenas dos próximos capítulos...

Grande abraço!

Luciano Gasparini Morais.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

CURIOSIDADES

Pessoal, como há muitos fatos isolados que percebemos e que não vão entrar em história alguma, resolvemos contar através de um post denominado CURIOSIDADES. Eis eles, em tópicos.


Fauna
  • Raramente vemos cães circulando pelas ruas ou latindo nos portões das casas.
  • Aqui no México tem um pássaro chamado Tordo. Ele é como se fosse a nossa pomba, está por todos os lados e é bastante audacioso, pois se aproxima muito das pessoas quando está a procura de alimento.
  • O burro é um animal bastante visto por aqui no México, principalmente nas cidades do interior pelas quais passamos. Muito usado como animal de carga.  
  • Descobrimos que as lagartixas brasileiras são mudas, pois as mexicanas emitem um som relativamente alto. Eu e a Mara não chegamos a um consenso, porque ela acha que se parece com um pássaro e eu com um grilo. Então, unam os dois sons e tentem imaginar.
  • Encontramos ursos na casa do meu irmão. Super dóceis, inclusive fizeram amizade com o Piu-piu que o Gian trouxe do Brasil.

Clima

  • Chegamos à Cidade do México e sofremos com os efeitos dos 2235 metros de altitude. O Gian teve sangramentos, eu ressecamento no nariz e a Mara sentiu algumas tonturas.
  • A mudança climática entre cidades vizinhas é muito brusca e impressiona. Em alguns casos saímos de chuva e temperatura amena para sol forte e calor intenso em aproximadamente 50 km de distância.
  • Quando chegamos ao México havia um tornado pelo norte do país, o que ocasionou um longo período de chuvas e inundações em diversas localidades.
  • Há muito respeito com os abalos sísmicos. Muitos lugares públicos contam com orientações para os casos de emergência.

Idioma

  • Chegando ao México, rapidamente os meninos trataram de assimilar o idioma espanhol. Entre as primeiras frases que o Gian aprendeu estão: "No compriendo" e "Puedo jugar futbol?".
  • Pastelaria, na verdade é confeitaria.
  • Também observamos que aqui, quase tudo termina em "...ama". Exemplos: Memorama (jogo da memória), Mercadorama (nome de um mercado), Filmorama (Loja de revelação fotográfica).
  • Os mexicamos usam muitas gírias (modismos, como se diz por aqui). Um deles é "porfa..." - abreviação de "por favor". Outro é "padríssimo" ao referirem-se a algo muito bom ou bonito.
  • Os mexicanos tem pouco contato com brasileiros, por isso a dificuldade de reconhecer a língua portuguesa. Várias vezes nos confundiram com ingleses, norte-americanos ou franceses.
  • Há algumas diferenças entre o espanhol da América do Sul e o da América do Norte. Exemplos:

















Morte
  • os dias 1 e 2 de novembro se celebra o Dia dos Mortos com muita adoração à Santa Morte. Os mexicanos visitam os túmulos dos entes queridos levando comidas diversas e "comendo" com os mortos. Dentre as guloseimas estão biscoitos com o desenho da Santa. Vimos diversos objetos em forma de caveira: brincos, canecas, chaveiros e até brinquedos para as crianças.

Moeda
  • O Real está muito valorizado em relação ao Peso Mexicano. Um Real aquivale a aproximadamente sete Pesos Mexicanos.
  • Percebemos uma grande diferença (para menos) no valor dos alimentos, do vestuário e, principalmente, dos eletro-eletrônicos por causa da proximidade com os Estados Unidos.
  • No entanto, o salário-mínimo mexicano gira em torno de 1,3 mil Pesos Mexicanos (cerca de 180 reais). Não erramos no cálculo. É isso mesmo. Baixo, não?
  • Até a postagem deste, selecionei 63 moedas diferentes (em valor e ano) para a minha coleção numismática.


Perfil do Mexicano
  • Observamos que são românticos. Traço encontrado nas músicas, nas novelas e nos muitos casais enamorados que se beijam pelas ruas.
  • Atenciosos e ótimos anfitriões: em cada casa que chegamos, nos receberam muito bem e já nos convidavam para comer uma tortilla, um ovo mexido, uma gordita de frijoles ou uma milanesa.
  • Chaparritas (na região leste do México - especificamente no estado de Vera Cruz, os habitantes são em sua maioria de pele escura (descendência indígena) e muito baixos.
  • Somos muito mais cuidados em termos de higiene alimentar. Os mexicanos utilizam muito as mãos para pegar os alimentos.
  • Os homens e as crianças não costumam andar sem camisa, mesmo em dias de forte calor.
  • E na praia chamou atencão que raras pessoas utilizam trajes de banho. A Mara de biquini contrastou com o restante, pois a maioria dos mexicanos se banha de bermuda e camisa, inclusive as mulheres.  
  • Os Mexicanos são muito impontuais. De repente por causa do tráfego intenso, às vezes ainda mais complicado por manifestos públicos e blitzes policiais. Inclusive eles têm um ditado: "mais vale horas antes do que minutos depois".

Nomes próprios
  • Há bonitos e diferentes nomes por aqui: Miguelito, Hector, Salvador, Angel, Panchito.

Brasil
  • Na televisão mexicana passam várias novelas brasileiras, que fazem muito sucesso. Um amigo peruano que vive no México comentou a respeito da superioridade da novela brasileira sobre a mexicana: "As brasileiras abordam muito mais a questão sócio-cultural, enquanto que as mexicanas transformam tudo em conto de fadas". Atualmente está passando a novela O Clone - regravada com atores mexicanos, mas já passou a novela original de Glória Perez, dublada.
  • Há um carinho enorme pelo Brasil. Isso fica demonstrado no uso de camisas da Seleção Brasileira e no conhecimento sobre as músicas do Roberto Carlos.
  • Pelé, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo "fenômeno", Kaká, Xuxa, Roberto Carlos e Luís Inácio Lula da Silva são os maiores ícones brasileiros, no México. Porém, sem sombra de dúvida, Pelé é disparado o maior deles. Ao saberem que somos brasileiros, muitos citaram-no.

Luciano Gasparini Morais

terça-feira, 3 de agosto de 2010

UMA FOTO COM O CHAVES

Sábado, 24, foi dia de descansar das longas viagens e ficar pela cidade mesmo. Demos um passeio pelos shoppings, fizemos lanches e fomos ao supermercado. Os guris se divertiram muito com um carrinho de compras com dois lugares para crianças.

No domingo, retomamos a rotina de viagens. Saímos de Xalapa e, agora na companhia da Danny e das meninas, seguimos para o município de Vera Cruz para passar o dia. Impressionante a mudança de Clima. Cento e dois quilômetros separam as duas cidades, mas Xalapa tinha o céu encoberto e Vera Cruz um Sol de torrar. Fomos pegos de surpresa. A saída foi comprar uns sombreros para nos abrigarmos.

A Cidade é muito linda. Tem 512 mil habitantes e é uma das mais importantes do México, pois Vera Cruz tem um dos portos marítimos mais movimentados do mundo. Apesar de ser um município litorâneo, o balneário não é recomendável para banho, por causa da poluição causada pelos navios que abarcam no porto e pela inexistente rede de esgoto dos hotéis.

Além do atrativo de ser uma zona portuária, Vera Cruz abriga o Forte San Juan de Ulúa, também conhecido como Castelo de San Juan de Ulúa, justamente por ter a arquitetura de um castelo. O Forte foi construído em 1535 pelos espanhóis e é tido como o último reduto de dominação espanhola antes da Independência do México que ocorreu em em 16 de setembro de 1810 (mês que vem acontece as comemorações do Bicentenário da Independência). O Porto e o Forte se fundem numa só paisagem, unidos por uma simples ponte sobre as águas do Golfo do México.


Há várias lendas a respeito do Forte. A mais famosa é a de "Chucho el roto", também conhecido como "o bandido generoso" por roubar dos ricos para dar ao pobres. Foi encarcerado duas vezes no Castelo de San Juan. Conseguiu fugir uma vez. Dizem que foi o único a escapar, no entanto, foi recapturado e morto a chicotadas.

O Forte ou Castelo de San Juan de Ulúa dá visíveis mostras dos castigos dos intemperes do tempo, afinal são quase 500 anos de vida. Portanto, passa por uma rigorosa e cuidadosa reforma estrutural e estética.

E as atrações de Vera Cruz não param por aí. Um dia apenas se tornou corrido para conhecer todas as maravilhas que a cidade tem. Ainda visitamos o Museu de Cera, o Aquário de Vera Cruz, o Café de La Parróquia e o Malecon.

Museu de Cera

O Museu de Cera de Vera Cruz fica no Shopping Aquário, no centro da cidade. Foi inaugurado em novembro de 2002, conta com 10 salas de exibição e 120 figuras de cera entre artistas, esportistas, políticos, músicos e religiosos. A maioria refere-se a personagens mexicanos. Porém, há muitas figuras de ilustres internacionais como Madonna, Beatles, Salvador Dali, Barack Obama, João Paulo II entre outros. Algumas imagens são impressionantemente semelhantes com seus inspiradores outras nem tanto, como a do Pelé, a única réplica brasileira que encontramos no Museu. Foi neste local, que os guris tiveram a oportunidade de tirar uma foto com o Chaves, "el chavo del ocho", como é conhecido aqui.

Na saída uma interessante surpresa. Há um labirinto de espelhos. Para prosseguir em frente é necessário ir colocando a mão pois as nossas diversas imagens refletidas por todos os lados nos deixa desorientados, pois apenas uma delas está aberta para passagem, as outras são geradas para confundir.


Aquário de Vera Cruz

O Aquário de Vera Cruz foi inaugurado em novembro de 1992 e é considerado um dos maiores do mundo por sua infraestrutura e principalmente pela qualidade de exibição.  A diversidade e a proximidade que se tem com os animais expostos impressionam.

Demoramos cerca de uma hora e meia para percorrer os 500 metros do trajeto dispostos para visitação, onde nas galerias de água doce e salgada encontramos tubarões, golfinhos, tartarugas, arraias, lontras, piranhas, medusas, diversas espécies de peixes e muitos outros animais.  Um belo passeio para conhecer a fauna marítima da região.

Gran Café de la Parróquia

A cafeteria mais antiga do México está em Vera Cruz. A tardinha fomos visitá-la. Ela tem este nome porque fica nas esquinas das ruas La Parroquia e María Andrea. É um lugar de forte tradição desde 1808.

Tomamos nossos cafés ao som da marimba -  instrumento musical de madeira muito semelhante ao xilofone, de origem africana, mas muito usado na América Central  - que embalam as danças típicas da região.

Uma curiosidade é a forma que servem o café. Um funcionário vem à mesa e serve o café até a metade da taça. Na sequência, o cliente passa a mão na colher que o acompanha e efetua repetidas batidas na taça sinalizando que quer algum complemento, que pode ser água quente ou leite. Mal efetuamos os primeiros sinais sonoros e já se aproxima um funcionário para completar o serviço. Um antigo hábito utilizado para preservar a história da cafeteria e que curiosamente funciona bem.

Malecon

O Malecon nada mais é do que um calçadão com aproximadamente 500 metros que fica entre as águas do Golfo do México e a avenida principal de Vera Cruz. Neste trecho há grande movimentação de turístas, por isso tem grande apelo turístico-comercial. Há oferecimento de artesanatos, saídas de ônibus turísticos abertos, que lembram muito os bondes, e artistas de rua. Também chama a atenção no local, a grande quantidade de estátuas e bustos em homenagens às pessoas ilustres que contribuíram para elevar o nome da cidade. Apesar do intenso movimento é um lugar bastante agradável, pois se respira intensamente o turísmo através da cultura local. Conheça um pouco do Malecon através do vídeo que preparamos.

Antes de irmos embora assistimos uma linda apresentação folclórica veracruzana chamada jarocho. Inclusive, depois descobrimos que a música La Bamba tem origem neste ritmo, tornando-se mundialmente conhecida na versão rock and roll na voz de Ritchie Valens. Na dança, o sapateado aparece com intensidade na coreografia. Fez lembrar a chula gaúcha. Será saudade da terrinha? Assista ao vídeo e compare.

Foi um dia intenso pelo número de atividades e sobrecarregado pelo forte calor que fez neste dia. Exigimos bastante da Iarinha e da Dannia, que nos acompanharam o tempo todo. Ao final do dia elas se mostraram extenuadas e demonstraram isso com uma dose dupla de choro intenso e ininterrupto. Em compensação, durante a noite dormiram como nunca. Porém, mais uma vez valeu muito a pena pela riqueza da história e da cultura da região.

Luciano Gasparini Morais


segunda-feira, 2 de agosto de 2010

CONHECENDO AS SOBRINHAS

Sexta-feira, 23, no início da tarde, deixamos a Cidade do México e rumamos para Xalapa Enriquéz, cidade onde vive meu irmão. A ansiedade para conhecer pessoalmente a esposa Danny e as gêmeas Iara Fernanda e Dannia Paola era grande.

Apesar da forte chuva que nos atingiu numa pequena parte da viagem, o deslocamento foi tranquilo. Percorremos os 315 quilômetros em aproxidamente cinco horas. Pelo caminho fizemos uma parada para uma refeição tipicamente mexicana. Degustamos sopa de champignons, quesadillas, arroz rojo (arroz com molho de tomate), frijoles (feijão) e huevos estrellados (ovos fritos). Ainda bem que os guris gostam de ovos.

A tardinha chegamos em Xalapa, capital do Estado de Vera Cruz. A Cidade das Flores, como é conhecida, tem 413 mil habitantes e está a 1427 metros acima do nível do mar. Fazendo uma analogia, em termos de população é como uma Caxias do Sul-RS que tem 410 mil habitantes. A próposito, descemos quase mil metros, pois na Cidade do México estávamos a 2.235 metros de altitude.

Enfim, conhecemos as nossas princesinhas. Elas são lindas. Muito simpáticas, sorridentes e tranquilas. Mostraram-se muito merecedoras dos diversos presentes que muitos enviaram do Brasil. Chegamos e fomos logo oferecendo os regalos para satisfazer a ansiedade dos guris, que queriam entregá-los. E também para aliviar as malas que estavam abarrotadas.

Tadinhas, elas mal sabiam o que estava acontecendo. Eram flash's e mais flash's, presentes e mais presentes. E são tão fofas que, apesar da agitação, se mantiveram sorridentes o tempo todo.

Conquistaram-nos já no primeiro contato. E foi muito bom vê-las bem depois de toda a dificuldade por terem nascido prematuras de oito meses. Mano e Danny, parabéns! Vocês capricharam. Elas são realmente lindas.

Luciano Gasparini

DESPEDIDA DA CIDADE DO MÉXICO

Antes de deixarmos a Cidade do México visitamos mais dois lugares históricos.

Estádio Azteca

Como somos uma família que gosta muito de futebol, não poderíamos deixar de visitar o Estádio Azteca, um dos mais emblemáticos para o futebol brasileiro e um dos maiores do mundo.

O "Coloso de Santa Úrsula", como também é conhecido por estar localizado no bairro de mesmo nome, foi inaugurado em 29 de maio de 1966. O estádio, que atualmente é a casa do América e também da Seleção Mexicana, tem capacidade para 105 mil torcedores sentados e figura como o terceiro maior do mundo. É o palco que mais recebeu jogos na história das Copas do Mundo, foram 19 partidas (dez em 1970 e nove em 1986). Sendo, também, um dos únicos a sediar duas finais de mundiais.

Desde 1997 ele é de propriedade da Televisa, Rede de Televisão Mexicana. Infelizmente não conseguimos entrar, pois não estava aberto a visitações e chovia neste dia. Pelo menos deu para ter noção da sua grandeza e sentir a emoção de estar nas imedições do templo que a seleção de Pelé e companhia derrotou a Itália por 4 a 1 na memorável final de 1970.

Os Mariachis

Há divergências sobre a origem dos mariachis, mas uma delas dá conta de que a palavra é de origem náhuatl (um dialeto azteca) que significa "o índio está contente". Os mariachis eram pequenos conjuntos compostos por uma guitarra, um violino, viola e harpa que animavam festas, reuniões familiares, batizados e casamentos. Daí, o nome "mariachi", semelhança atribuída à palavra francesa "marriage" - casamento.

O principal reduto dos mariachis na Cidade do México é a Praça Garibaldi, um tradicional local de encontro dos músicos desde 1923. Todas as noites dezenas de grupos se apresentam na praça a espera de clientes que os contratem para animar festas ou até mesmo a espera de cavalheiros que dediquem serenatas as suas amadas como podemos ver neste pequeno vídeo.

Agradecemos a estes amigos mariachis que gentilmente se prontificaram a tirar fotos conosco e mandaram um abraço ao Pelé assim que nos identificamos como brasileiros.

Luciano Gasparini