Na quinta-feira, 22, fomos conhecer a zona arqueológica de Teotihuacán, que fica no município de San Juan de Teotihuacán, cerca de 50 km ao noroeste da Cidade do México.
Ao sairmos de casa, o doutor Bravo nos emprestou seus "paraguas", pois o tempo estava se armando para um temporal, inclusive os jornais orientavam para que as pessoas não saíssem de suas casas. E nós, ávidos por passeios e orientados pelo anfitrião resolvemos encarar.
Após aproximadamente uma hora de tráfego, algumas "cacetas" e acompanhados do amável amigo mexicano Henri, chegamos a Teotihuacán (cidade dos Deuses). Como cartão de visita, experimentamos as tunas, que são frutos adocicados extraídos do nopal, uma espécie de cactus. A mim pareceu muito semelhante ao kiwi, porém, com mais sementes, mas nem por isso menos gostosa.
As construções mais altas são as da Pirâmide Sol e da Pirâmide Lua. A primeira tem sua base com as dimensões 222 m x 225 m e mede 63 metros de altura (equivalente a um prédio de 20 andares). A segunda mede 150 m x 120 m e tem 42 metros de altura. As pirâmides têm estes nomes, pois a sua existência estava regida sobre profundas convicções religiosas e normas de vida a partir de ciclos da natureza.
Ambas estão abertas para escaladas ao topo. Porém, por causa da chuva que começou a cair e pela longa caminhada que se faz para chegar até elas, resolvemos encarar apenas uma. E a escolhida foi a Pirâmide Sol, obviamente a maior. Com a ajuda do Gian e do Cristian resolvemos contar os degraus: são 276 desgastantes e perigosos degraus. Como a chuva se intensificou, fiquei pelo caminho com os guris e os previdentes guarda-chuvas do doutor Bravo. A Mara e o meu irmão seguiram enquanto ficamos num patamar intermediário os aguardando para descer depois. A vista do alto é sensacional. A arquitetura e a engenharia empregadas mais ainda. Verifica-se que tudo foi planejado e realizado de uma forma muito metódica. As pedras são alinhadas caprichosamente. E pensar que isso foi feito a quase dois mil anos. As informações históricas dão conta de que nesta grande cidade viviam cerca de 150 mil teotihuacanos.
Diferentemente das pirâmides egípcias cujo interior era utilizado para edificação de túmulos, as mexicanas tinham finalidade fundamentalmente religiosa. O topo era frequentado apenas pelos sacerdotes que lá de cima do "altar" realizavam suas cerimônias e ritos.
O complexo todo de Teotihuacán é muito grande. Tem cerca de 82 km². Para se ter uma ideia, dentro do parque há uma via central de quatro quilômetros que nos leva até a Pirâmide Lua. Esta via chama-se Calçada dos Mortos. Inclusive, o nome levou o Gian e o Cris a posarem para uma foto temática.
El Tajin
Ontem, 30, tivemos a oportunidade de visitar outra zona arqueológica mexicana. Desta vez no município de El Tajin (cidade ou lugar do trono), que fica ao norte do Estado de Vera Cruz, onde estamos. Após a queda do império de Teotihuacán, El Tajin passou a ser o grande centro azteca, tendo o seu apogeo entre os anos 800 e 1150 d.C.
É um local privilegiado em termos naturais. Fica numa região extremamente arborizada, onde as construções aztecas ficam em perfeita harmonia com a mata. A maior construção é da Pirâmide dos Nichos, que tem este nome exatamente por ter sua arquitetura ostentada por 365 nichos que cultuam os 365 dias do ano solar. Desde 1992 o complexo de El Tajin é considerado pela Unesco como patrimônio cultural da humanidade. Ao contrário de Teotihuacán, as pirâmides de El Tajin estão num estado de deterioração mais avantajado o que impede a oportunidade dos turistas escalarem-nas. Temos que nos contentar de ve-las por trás de cordas de isolamento.
Próximo à entrada há um pequeno museu que dispõe de belos artefatos encontrados durante as escavações como esqueletos aztecas, ferramentas de trabalhos e pedras esculpidas.
Ao entardecer, na entrada do parque há uma apresentação dos Voadores de Papantla. Uma dança precolombina de nativos da cidade vizinha de El Tajin. É um ritual que através da dança e da música os indígenas invocam a água, a terra, o vento, a Lua e o Sol, pois são elementos indispensáveis para criar vida na Terra. E a apresentação se inicia no alto de um mastro de aproximadamente 20 metros, onde quatro dançarinos se prendem a uma corda e vão descendo de cabeça para baixo em movimentos giratórios sobre o mastro, por isso o nome Voadores de Papantla. Papantla também é conhecida pela grande produção de baunilha. Inclusive, na entrada do parque há venda de baunilha in natura e de artesanatos feitos da planta.
Sinceramente, eu não esperava tanto da cultura azteca. Tem sido uma aula histórica inesquecível.
Luciano Gasparini