segunda-feira, 26 de julho de 2010

O ANFITRIÃO QUEBRA-OSSOS

Constrangidamente chegamos à casa do doutor Bravo. Digo constrangidamente pois eram quase duas da manhã e chegávamos à residência de alguém que jamais havíamos sequer conversado. Porém, fomos recebidos como se estivéssemos em casa.

O doutor Bravo é cirurgião, tendo a traumatologia como especialidade. Acredita muito nas filosofias orientais, trabalha em casa e tem uma espécie de clínica fisioterápica, na qual também oferece acupuntura aos seus pacientes.

A família do doutor Bravo é extremamente receptiva e hospitaleira. Eles já têm como costume receber hóspedes dos mais diversos países da América. Eles são evangélicos, entendem-se como servo de Deus e se sentem na obrigação de fazer o melhor que podem ao próximo. E nesta breve passagem que estivemos por lá constatamos de perto que realmente o fazem.

Ficamos na Cidade do México durante dois dias e três noites e em todas elas o aconchegante lar do doutor Bravo foi o nosso QG de repouso. Normalmente saíamos cedo para os passeios e chegávamos tarde apenas para desmoronar na cama.

Foi um período extremamente proveitoso para a imersão no espanhol. Era se comunicar ou se comunicar, pois nenhum deles falava português. Entendemos-nos bem.

A família é numerosa. Doutor Bravo e Terê (apelido da sua esposa Tereza) têm quatro filhos. Ainda moram com eles a dona Ester, mãe de Terê. Ela era a responsável pelo preparo dos "desayunos", para nós uma espécie de café da manhã, porém muito mais reforçado com ovos mexidos, feijão e tortillas, entre outras coisas. A tortilla está tão presente na culinária mexicana que mais adiante iremos fazer um post só para ela.

O Eleazer, filho mais velho, foi o responsável por fazer as honras da casa. Ele tem 21 anos, é torcedor do Pumas e estuda desenho industrial. Ele que nos dava dicas da cultura local, indicava os pontos turísticos e se mostrava bastante interessado por aprender português. Em troca de toda hospitalidade o presenteamos com cédulas de Real, músicas brasileiras, fotos e uma cópia do CD Pelé Eterno.

A dona Ester, sogra do doutor bravo, é a cozinheira da casa. Ela preparava todas as refeições (e não são poucas, os mexicanos emendam uma na outra). Através dela pudemos conhecer algo sobre a culinária do México, sempre a base de muita pimenta. Há muitas variedades e a nossa malagueta é fichinha  perto da mais branda pimenta mexicana. Aos poucos ela foi conhecendo os hábitos de nossa alimentação e se esforçando para nos oferecer cafés da manhã a la brasileira, com frutas, pães, leites e cereais.

Jehieli é a única filha mulher, na verdade menina. Tem 16 anos. Muito reservada, por isso pouco conversamos. Porém, não menos hospitaleira. Sempre nos atendeu bem quando solicitada.

Terê e os demais filhos ( Moisés e Benjamin) estavam participando de curso de férias. Por isso pouco nos víamos. Encontramos-nos apenas na noite anterior a nossa despedida. Também foram muito amáveis neste pouco instante em que estivemos reunidos.

Por fim, volto a falar do doutor Bravo para prestar-lhe uma espécie de homenagem. Um homem absolutamente tranquilo, solidário, generoso e prestativo. Como curiosidade vale contar que minutos antes de nos despedirmos, me fez deitar em uma de suas macas e, gratuitamente, colocou os meus ossos no lugar. Verdadeiros golpes daqueles japoneses quebra-ossos. Estalei dos pés a cabeça. De acordo com doutor Bravo, esta diferença que aparece ao encostar os meus pés mostra o quanto a coluna estava desalinhada. E é possível, eu andava com constantes dores nas costas. Confesso que senti receio de sair todo quebrado, mas, pelo contrário, saí com uma incrível sensação de relaxamento.

A Copa do Mundo de 1970 ainda deixa marcas por aqui. É visível o carinho especial que os mexicanos têm pelos brasileiros. Enfim, não temos palavras para agradecer a esta família muito carinhosa, solícita e exemplarmente hospitaleira. Se quiserem vir ao Brasil em 2014 assistir à Copa do Mundo, serão muito bem-vindos.

Luciano Gasparini

5 comentários:

  1. Que legal Luciano. Aproveitem esta viagem maravilhosa!!! E com direito a geometria e tudo, hehehe!

    Abraço,
    Carol

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  2. Muito legal
    Adoro estas medicinas alternativas trazidas dos antepassados.
    Só vendo pela foto que realmente está com uma perna menor que a outra, ou, não sei, uma maior que a outra, ou vice-versa.
    Abraços
    Daniel

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  3. NÃO ESQUECE ENTÃO MINHA PIMENTA E QUE SEJA FUERTE

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  4. Bom meus amigos, em especial minha amigona, deve estar muito contente com essa culinária, pois como sei a mesma gosta de comidas fortes e bem temperadas.
    Obá...vamos ter um novo cardápio aqui no colinas!
    Beijos

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  5. Mari, acho que o post de culinária vai dar um livro!!! Mara

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