sábado, 14 de agosto de 2010

PIMENTA NO DOS OUTROS É COLÍRIO

Certo que o post sobre a culinária mexicana sobraria para mim! Meu interesse se estendeu além da apreciação do sabor. Chamou-me a atenção o cheiro dos alimentos, os aspectos nutricionais, os horários das refeições e a forma peculiar do mexicano comer. Infelizmente, 18 dias foi o exíguo tempo que tive para saborear alguns deliciosos pratos mexicanos - e outros, nem tanto (risos).

As tortillas de milho (maiz) são a base da alimentação mexicana - junto com a pimenta (chili). A tortilla é feita também com farinha de trigo, mas é menos usual. No México, a tortilla de milho existe há pelo menos 2500 anos. Hoje, além de muito consumida e apreciada, os órgãos do governo divulgam, em outdoors espalhados pelas cidades, os principais aspectos nutricionais da tortilla. Entre eles, a tortilla de milho tem seis vezes mais fibra que uma xícara de arroz e três vezes mais ácido fólico que uma xícara de espinafre. O cheiro e o sabor da tortilla de milho são bem característicos, mas passam longe do milho que conhecemos no Brasil, este último de sabor mais adocicado.

Vários pratos são elaborados com as tortillas como tacos, quesadillas, burritos, entre outros. O recheio é geralmente carne, frango (pollo), salsichão (chouriço), linguiça (longaniza), feijão (frijol), ovos (huevos), e também cebola, tomate e pimentão. E claro, muitos molhos de pimenta.

Noutro dia fomos numa taqueria, onde pudemos observar a preparação dos tacos: numa grande frigideira, havia frango, salsichão, linguiça e tripa, todos banhados em gordura, prontos para serem servidos nas tortillas.

Em revistas e jornais, fomos informados que o índice de obesidade e diabetes no México são altíssimos, figurando entre os maiores do mundo, afetando inclusive a população infantil. E observamos, in loco, que há realmente muitos mexicanos obesos.

O cuidado com a higiene dos alimentos não é o forte dos mexicanos: uma prova disto eram as bancas que vendiam frangos na beira das calçadas. Mas numa coisa me senti ä vontade: por aqui é comum as pessoas comerem com as mãos!

Creio que o fato de as tortillas terem tanta fibra, faz com que as pessoas tomem muito líquido. Mas se você chegar na casa de um mexicano e pedir uma água, não se surpreenda ao receber uma água de jamaica, ou água de tamarindo. Se quiser mesmo tomar uma água, peça uma "'agua simple".

No México há mais de 300 tipos de pimentas (algumas mais leves, outras mais "picosas"). E elas estão presentes em todos os alimentos - alguns inimagináveis para brasileiros tão pouco afeitos a este alimento que é um rico anticoagulante natural. O Gian experimentou um docinho de tamarindo - cheio de pimenta!! Depois foi a vez do Cris experimentar um pirulito (paleta) com pimenta. E, cada vez que íamos comprar um salgadinho de pacote, tínhamos que pedir: "sin chili, por favor". E lá no cantinho da prateleira tinha um único tipo de salgadinho sem pimenta. Aprovamos o sorvete com molho agridoce de pimenta, mas a Michelada (cerveja com sal, limão e pimenta) foi totalmente reprovada por mim e pelo Lú. No mercado nos chamou a atenção um salsichão verde, repleto de pimenta.

Outro alimento apreciado no México é o amendoim (cacahuate), utilizado na fabricação de sorvetes, picolés, bebidas, pastas, entre outros. Alguns são importados dos Estados unidos.
Na visita a Coatepec, uma cidadezinha bem rústica próxima a Xalapa, comemos um hotdog com salsicha enrolada em bacon (tocino) e com abacaxi (piña) e um molho muito saboroso. Tive que comer dois!!

As batatas fritas (papas fritas) são muito boas e tem em todo lugar, assim como os ovos, que podem ser preparados de diversas formas: fritos (estrellados), mexidos - e misturados com presunto defumado (jamón), queijo (queso manchego) e bacon (tocino).

Há frutas típicas bem saborosas: a tuna (retirada de um cactus chamado Nopal), tem a aparência de um kiwi descascado e é bem doce e suculenta. Pena que tenha tantas sementes. Também há o tamarindo - bastante usado em sucos, mas pode ser comido in natura; por ser meio azedinho, fica gostoso quando envolto em açúcar. Os vendedores de melancia (sandía), na maior cara-de-pau, costumam pintá-las de vermelho para expor nas bancas.

Quanto às bebidas, a melhor que experimentamos foi o Tourito - é como um licor bem cremoso - e tem vários sabores: côco, amendoim, morango, guanábana, piñon, etc. O rompope (bebida feita com gema de ovo) experimentei involuntariamente num chocolate em forma de bola de futebol - que comprei pros guris. Outra bebida que nos foi oferecida - e não conseguimos apreciar - foi o suco de tomate. Sinceramente, tinha gosto de extrato de tomate.

Experimentei algumas guloseimas bem saborosas, como as balas de goma - bem macias e realmente com o sabor das frutas e umas bolinhas de chocolate envoltas em açúcar, com sabor de menta, vendida sob o nome chocoretas. Não resistimos e trouxemos alguns pacotes na mala.

Agradecemos aos aztecas pelo chocolate, mas devo dizer que os achocolatados, bombons e trufas que temos no Brasil são de melhor qualidade e sabor.

Mas, de tudo, o que mais nos surpreendeu foram os horários e as quantidades das refeições. No início da manhã tem o desayuno, um reforçado café da manhã que consiste em tacos, quesadillas, tostadas, todos bem recheados e acompanhados de carne, frango, linguiça, ovo, etc. Lá pelo meio da manhã tem o almuerzo que é uma refeição intermediária entre a primeira refeição do dia e a comida (que é o nosso almoço). Obviamente que a comida não pode ser antes das 14h. No final de nossa estada, já nos considerávamos mexicanos, pois não conseguíamos comer antes das 16h.

O Lú tentou mostrar seus dotes culinários, preparando sua especialidade: o bolo de cenoura. Colocando no forno, cresceu muito, mas dali a pouco desandou. O aspecto não ficou atraente. O açúcar era cristal e o achocolatado não ajudou. Depois, comentando o acontecido com nosso amigo chef brasileiro Alexandre Marcelino, ele nos deu a "deixa": é a altitude. Dependendo do local que se está, deve-se fazer correção na receita, diminuindo a quantidade de fermento e aumentando a quantidade de ovos. Os críticos não pouparam e a fama do Brasil não se consolidou no México. Vejam a massaroca. No entanto, todos comeram, porém de colher.

No dia do batizado de Iara e Dania, fomos comemorar no restaurante brasileiro que o Alexandre é gerente. E, pasmém, lá descobrimos uma comida que os mexicanos não suportam: coraçãozinho de frango. Inclusive, quando preparam frango em casa, o coração vai direto pra lixeira. Uma heresia!! Prometi pra Daniela (esposa do Jú, meu cunhado) que quando virem a Porto Alegre, faremos um churrasco especial, com muito coraçãozinho (Risos).

Resumo, ao final da viagem, os quilos que os  guris perderam, eu e o Lu ganhamos.

Mara Antonia

3 comentários:

  1. Julio Cesar Gasparini14 de agosto de 2010 às 23:28

    Desandou? Olha so essa coisa, parece que veio de outro planeta pra nos atacar...arggggg

    kkkkkkk

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  2. adorei este post sobre a pimenta,e não se preocupem eu vou buscar esta pimenta não passa de segunda feira

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  3. Hola Hermano esta muy bien su blog y que bueno que les gusto mucho Mexico, su gastronomia, playas etc. Les mandamos muchos saludos y esperamos tenerlos de vuelta aqui en su casa pronto.

    ATTE Familia Bravo ¡Que Dios los bendiga!

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